Para a psicanálise, o lugar do sujeito é o inconsciente. Ali, desde Freud, o sujeito – que é o do desejo – está em casa. Destituído de substância, ele ex-siste como efeito de linguagem, razão pela qual só pode ser representado por um significante (S1) para outro significante (S2). Um traço separa o significante marcado pela unidade dos demais, chamado, por isso mesmo, “traço unário”, reduzindo-se o sujeito ao próprio corte. Desse modo, todo sujeito é igual a qualquer outro, salvo se não se ignora o sintoma mediante o qual ele faz laço social. É o sintoma que faz com que cada sujeito só seja igual a si mesmo. Examinar a questão do lugar do sujeito na contemporaneidade implica confrontar-se com os efeitos de mutações culturais na constituição das subjetividades, o que vem se constituindo objeto de estudo, não apenas de psicanalistas, mas também de antropólogos, filósofos, sociólogos e outros representantes de áreas de conhecimento interessadas em desvendar as formas do mal-estar no atual estágio da civilização. Nesse caminho de investigação, o psicanalista Jean-Pierre Lebrun (2010) se depara com sujeitos dos quais se
poderia dizer que não sairam da fase de latência, como se não quisessem crescer, como se órfãos do simbólico fossem – neossujeitos que nos fariam pensar, com base em Charles Melman (2003), que o lugar da divisão subjetiva já não existiria.
Tomando essa via que se abre através da clínica do social, a autora faz uma leitura do fenômeno, considerando como categoria de análise o que denomina de “metáfora
do alinhavo”, para saber se o lugar de morada do sujeito, na contemporaneidade, permanece o mesmo.

Autor:
Jacy Soares

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